29 março, 2008

Duas memórias




Memória: um ato impensado e intempestivo de atualização daquilo que já foi!

Amei você com cada poro da minha alma.
E... com cada átomo do meu corpo.

Voce acha mesmo que algo assim... termina?
Que memória?

Memória: ato pensado daquilo que foi - intempestivo - sem jamais deixar de ter sido, já que se atualiza num Agora impermanente!
(cerikky)

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Meu corpo já não clama mais pelos seus corpo e alma: paixão!
Minha alma já não clama mais pelos seus corpo e alma: amor!


O que ainda me chama é a memória!

Sintaxes psico-emotivas de conexões neuronais dispostas no tempo e perdidas no espaço!
(cerikky)

O encanto e o encantador




"Você sabe o que é o encanto?
é ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada.»
Albert Camus

"Voce sabe o que é encantador?
É não estar esperando nada e,
de surpresa, ter recebido tudo!
(cerikky)

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É encantador você estar caminhando, desavisado, pelas ruas de uma cidade da Índia e, sem aviso prévio, se deparar com um grito estridente: susto!
Um pavão abre seu leque gigante e você é jogado a Ver um oceano de azuis, verdes, dourados e cobres.

Eles dizem que o grito do pavão anuncia a estação das chuvas.
Nessa época, eles saem às ruas empoeiradas para dançar, cantar e esperar que ela venha!
Emoção acompanhada de cores!
(cerikky)

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Onde está o encanto?
Em mim, que o vejo e recebo com os sentidos?
Ou, em você... que me enfeitiça com seu jeito e fatos?
Em nenhum dos dois!
Está Entre nós: naquilo que nos une: A relação!
Está na emoção daquilo que, tolamente, queremos explicar!
Sem jamais o conseguir, pois que é único e intransferível.
(cerikky)

26 março, 2008

DESATANDO NÓS...




Repasso essa mensagem (enviada pala amiga Mari) simples e singela, de um coração em... contato com a pureza do cotidiano transformador... palavras para dar passagem e práticas a um devir criança em nós.

Que tal a gente tomar coragem para desatar os nós que amarram nossas vidas?

Pelo menos, podemos tentar.
Não vai ser fácil...

Sabemos que hábitos são verdadeiros "nós cegos."
Não se sabe onde começam nem como terminam.
Atrás dos hábitos se escondem nossas verdadeiras carências afetivas.

E os hábitos que foram criados para compensá-las, acabam por nos impedir de que as enxerguemos com clareza.

Que nó danado!


Aí, a pessoa se apressa, faz aquele regime maluco e consegue perder até a alma...
Ou pára de fumar aqueles três maços de cigarros do dia, ou de beber a dose da noite...
Até se afasta daquela pessoa que só traz dores de cabeça...

Que maravilha!...

Mas, passado um tempo, volta tudo a ser como antes...
E o nó vai ficando pior ainda, né?

De tudo que tenho visto, o mais interessante e simples a seguir é a receita.
Sim a Receita do Nenê...
É fácil...

Acordar cantando... (não vale chorar nem acordar a casa toda né?).

Espreguiçar-se bastante, antes de se levantar da cama... (ainda lembra o que é?).

Pegar todo dia o solzinho da manhã, de preferência, acordando mais cedo para uma caminhada sem pressa...
Mostrar que quem a gente ama é muito importante para nós...
Pedir colinho, sempre que possível (às vezes, a gente tem que dar também). Beber muita água e fazer muito "xixi"...

Fazer primeiro, para receber depois:
Muito dengo e carinho...
Confiar e amar quem a gente ama, cada vez mais...

Ignorar todos os chatos que não gostam de criança, de flor, de carinho, (de e-mail!), e de nós...

Dar atenção a todos que se aproximam de nós, mesmo a quem acabamos de conhecer.
Adorar ouvir o que as pessoas (que a gente ama) falam e respeitar o que fazem...
Sorrir para todos e para a gente mesmo...
E rir, rir, mas rir muito, sempre que não tiver motivo para chorar...

Quer experimentar?

Depois de um tempo, você vai esquecer...

Ou perguntar:
Cadê o Nó...?

Forte abraço, meu amigo querido!!


15 março, 2008

Outonando... uma espera sem espera!




Ando desavisado e desanuviado, só pensando em você.
Sentindo você chegar!
Que delícia!


Os raios que você despeja sobre mim...

não me queimam,

não me machucam,
apenas... intensidade da leveza... me confortam e trazem... alento!

Os ventos que você sopra... me fazem uivar como um lobo. Aaaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuhh
hhhhhh.

Só prazer!

Sou seu e você é meu! Apologia da posse e do apego!
Você me diverte e aciona o humor em mim.


Obrigado, amado! Meu amado outono...

Outonando sempre




Querido!

Esqueci de um pequeno detalhe: eu sou tão seu, quanto você é meu!


À cada chegada sua... eu fico mais velho, mais experiente e mais devoto da sua presença.... e da minha própria!!!


Eu sou fruto de você!


Não fosse por você... eu não estaria aqui... me encantando!


Não fosse por mim - pretensão das pretensões - você não estaria recebendo essas fúteis, mas ávidas e verdadeiras, declarações de espera por você... e amor!


Nossa!
Como nós estamos juntos, mesmo que você esteja apenas chegando e se vá, depois.

Outonando ( A espera paciente)




Ahhh meu amado!

Sei que você não se ocupa com meu flerte,
com meu arrepio nas manhãs e tardes!

Sei que você chega de mansinho, como quem não quer nada, mas disposto a dar tudo de si!
Você não me engana, amado!


Também sei que você não faz a mínima idéia de como me afeta!

De como produz estados de embriaguêz lúcida...
sentimentos apenas tocados, de leve, pelo seu frescor suave.

Hálito de néctar!

Mas isso não importa.
O que importa, é que sinto você... vejo-o, na distância que você ainda esconde!

Você nunca será só meu, bem o sei...
Mas eu me aproprio de você e do seu encantamento, pois que dele-sou-dono, por devoção, e vivo seu fragmento, com toda a intensidade da estação.

Rima boba que se produziu, ao acaso... na minha fugaz e impensada emoção.

Venha meu lindo outono...
Meus braços já estão abertos a lhe esperar!

Outonando (prelúdio da estação)




Ele vem vindo...
Devagar,
quase imperceptível... quase!

Mas vem...
a passos seguros, estáveis e vibrantes.

Ele nem pensa sobre isso.
Não sabe que está na sua hora...
Ele apenas vem-vindo... cobrindo-nos de... mais sombras!

Ele vem tão devagar, que apenas se faz notar por um... sopro!
Uma nesga de intensidade eólica.
Bem vindo meu amado...
Outono!
Te amo!

12 março, 2008

Maquiavel





"Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios, os outros discernem o que os primeiros entendem e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros."

rsrsrsrs....... rsrsrsrsrs.........rsrsrs: é por essas... e outras mais, que se diz...maquiavélico!

(Maquiavel )



Destino... por Fernando Pessoa

Destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada podeDizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

(Fernando Pessoa)

A casa do coração,por Friedrich Rückert



A casa do coração
O coração tem dois quartos:
Moram ali, sem se ver,
Num a Dor, noutro o Prazer.

Quando o Prazer no seu quarto
Acorda cheio de ardor,
No seu, adormece a Dor...

Cuidado, Prazer! Cautela,
Canta e ri mais devagar...
Não vá a Dor acordar....

Friedrich Rückert

Mário Quintana... (um pouco mais... dele)

"Não coma a vida com garfo e faca.
Lambuze-se!
Muita gente guarda a vida para o futuro.
Mesmo que a vida esteja na geladeira,
se você não a viver, ela se deteriorará.
É por isso que tantas pessoas se sentem
emboloradas na meia-idade.
Elas guardam a vida,
não se entregam ao amor,
ao trabalho, não ousam,
não vão em frente.
Não deixe sua vida ficar muito séria,
saboreie tudo o que conseguir:
as derrotas e as vitórias,
a força do amanhecer e a poesia do anoitecer.
Com o tempo,
você vai percebendo que
para ser feliz
você precisa aprender a gostar de si,
a cuidar de si e,
principalmente,
a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do Jardim para que
elas venham até você."

(Mário Quintana)

11 março, 2008

R. Tagore



Vida da minha vida, eu tratarei de
trazer sempre puro o meu corpo,
sabendo que o teu tato pousa sobre
todos os meus membros.

Eu tratarei de trazer sempre longe
dos meus pensamentos qualquer falsidade,
sabendo que tu és essa verdade que acende
a luz da razão no meu espírito.

Eu tratarei de afastar sempre do meu
coração qualquer maldade e de conservar
sempre em flor o meu amor, sabendo que
tu tens a morada no santuário íntimo
do meu coração.

E será todo o meu empenho o de revelar-te
em minhas ações, sabendo que é o teu
poder que me dá a força de agir."

Tagore

Cora Coralina



"Não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivermos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira...pura enquanto durar."

Cora Coralina

Mário Quintana...



.."É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te"...

Drummond... sobre a ausência




Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Drummond.


Sobre amar...Clarice Lispector



Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

Mude, por Clarice Lispector

Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lugar da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,
Procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,...

Clarice Lispector

O menino Tuhu

O menino Tuhu

Arnaldo Magalhões de Giacomo

Em sua caminha macia e confortável, o pequeno Tuhu não consegue dormir. Seus olhos piscam, piscam, e seu coração bate apressado porque o menino está alerta.

No escuro do quarto ressoa um rumor suave. Vem lá de baixo e Tuhu sabe o que é: na sala grande, seu pai e um grupo de amigos tocam seus curiosos instrumentos. Um violino canta, uma flauta suspira, murmura um violoncelo.

A sala fica distante e os sons vêm entrecortados. Perdem-se as notinhas alegres pelos corredores e os gemidos das cordas não conseguem subir a escada.

— Ah! se eu pudesse ser grande, pensa o menino, ficar junto deles, ouvindo de perto e tocando também!

Mas Tuhu é pequenino. Seu pai quer que durma cedo.

No entanto, lá em baixo, tocam uma melodia conhecida. Não é qualquer das melodias que seu pai interpreta que ele gosta. Algumas até lhe parecem muito certinhas e sem graça, iguais entre si, como se os compositores andassem a copiá-las umas das outras.

O menino é rebelde e gosta de inovações, de música clara e diferente. Seu pequenino espírito em formação já pressente o que seja vulgar e o que seja arte. E esta composição que tocam é a preferida. Seu pai já lhe explicou tratar-se de uma peça de Bach, compositor alemão. Como é harmoniosa, tranqüila e suave! Parece água correndo no rio, vento batendo nas ramas, nuvens pairando no céu... Tuhu não resiste. Onde estão os chinelinhos ?...

Ei-los aqui. Agora, pé ante pé, é só chegar até ao meio da escada.

Seus irmãos — Berta, Carmem Oton, Clóvis, Ester e Gilda — não devem acordar e, se papai o vê, zanga-se, na certa. Mas, para ouvir a música tão querida, vale a pena arriscar-se aos ralhos paternos.

Sentado na escada, queixo apoiado nas mãos, Heitor Villa-Lobos — o menino Tuhu — sonha acordado, ouvindo Bach. Sonha ser um músico também, tocar e, principalmente, fazer música. Como será bom, pensa ele, transformar em sons toda a tranqüila serenidade que sente na alma, toda a beleza que percebe ao seu redor. Como será bom tirar de um instrumento o canto de um pássaro, o rugido do mar, a música das fontes, o zunir do vento!...

E em baixo, no salão, seu pai e os amigos terminam o recital. Duas noites por semana se reúnem para tocar, primeiro na Rua Sta. Cristina e depois na casa da Rua do Riachuelo, onde a família Villa-Lobos mora agora. E é quando executam Bach que o menino mais gosta.

A noite avança. Enquanto o Professor Raul se despede dos amigos, D. Noêmia sobe para dormir. Já no meio da escada, sorri, apesar de um pouco zangada: lá está o desobediente Tuhu, semi-deitado no degrau, olhos cerrados pelo sono, o dedo da mão direita ainda estirado, como que marcando um compasso... Se papai o visse!

A mãe toma-o nos braços suavemente. Deita-o com carinho, cobre-o, e, antes de se retirar, beija-lhe a testa.

Tuhu sonha ser músico e, no sonho, ainda ouve Bach...

Dia da mulher, 8 de março



Na minha perspectiva, o que importa não é o gênero, mas as sensibilidades de um devir mulher que percorre os corpos humanos e que repudia a discriminação, sejam homens ou mulheres...
A violência doméstica, os crimes passionais, o assédio sexual e moral, etc, continuam.

A história da humanidade mostra que o masculino é hegemônico e, como tal, se infiltra, com seu poder dominante, nas mentes e corações das mulheres de todas as idades... muitas vezes, são elas próprias que, tomadas dessa hegemonia... SE discriminam... da mesma forma que são discriminadas pelos homens... manutenção da hegemonia.

O que interessa nesse dia da mulher e em todos os dias... é a manutenção de uma micropolítica das relações que diga não à todas essas formas de assalto à subjetividade humana... seja as que caem sobrer as mulheres, as crianças, os homosessuais, os velhos, os imigrantes e sobre os de outra cor de pele! Não à violência dissimulada e à violência explícita... sempre.

Um beijo e um abraço.