24 julho, 2008

Talvez, por Pablo Neruda






Talvez
(Pablo Neruda)

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


Frustração





FRUSTRAÇÃO
Caio Amaral

A fuga da razão pela dor de uma frustrada relação
Faz a alma sofrer, e deixar em prantos de dor o coração
Deixa morrer a lembrança de um amor sentido
Com o desejo do presente ser um passado esquecido

Almeja que o futuro possa brindar novas emoções
E findar nubladas noites de sofridas solidões
Aquecer frias madrugadas que não logram o amanhecer
Até aos longos dias que se perdem ao entardecer

Fica sómente em pedaços um pobre coração desolado
Que furtou da vida toda a fé e a esperança prometida
Voltada às recordações vividas de um triste passado

Restou apenas o encanto daquilo que foi...e se acabou
Existiu...foi magia, foi energia, foi a própria vida!
Foi bom demais, foi perfeito e soberano, enquanto durou


22 julho, 2008

Viagem Vital, por Márcia Cristina Silva






Viagem Vital
Márcia Cristina Silva

Ás vezes é preciso destravar as portas,
abrir todas as janelas, deixar o vento entrar,
destravar os cintos da insegurança
e decolar para assistir a terra de luneta,
comer pipoca sentado na lua

Escorregar pelas pontas das estrelas,
dançar no ventre das nuvens,
sonhar em outros planetas...
e dar muitas risadas com os cometas...

Às vezes é preciso ficar só...
Com um papel e uma caneta para colorir o
coração e colocar mais alegria no viver
e se encantar com a felicidade e não
se esquecer dos sonhos!


Exorcismo,por Mary Fioratti


Exorcismo

Queria arrancar este amor de dentro de mim
Como se arranca uma flor do jardim
Não somente apanhá-la
Mas tirá-la com toda a raiz
Como esburacar a terra e ter certeza
Que nada ficou
Que nem uma sementinha
brotou

Queria exorcizar você da minha alma
Nunca ter visto seu rosto
Nunca ter ouvido sua voz
Que soa em meus ouvidos
Toda noite quando deito
Queria nunca ter cruzado o seu caminho
Nao queria essa dor dentro do peito
Queria arrancar este amor

de dentro de mim
Tirar todas as suas palavras
Que ficaram em minha memória
Rasgar todas as suas cartas
Todas suas histórias
Esquecer todos os detalhes
Como se nunca tivessem existido

Depois...
Com a chama ardente deste meu amor
Queimar lentamente todas as lembranças
E num ritual amargo e sofrido
Exorcizar esse amor tão proibido
E enterrar todas minhas esperanças

Mary Fioratti

Declaração de amor, por Fátima Irene Pinto





Homenagem ao Amor...
Ao Amor verdadeiro, ao Amor de muitas vidas,
ao Amor sincero e companheiro, ao Amor que deixou saudades, ao Amor... ao Eterno Amor!
Mesmo ao que se foi... no fora... mas, permanece, no dentro! .............................

Declaração de amor (Fátima Irene Pinto)

Eu te amo do amanhecer ao anoitecer
e mesmo quando durmo,
ainda te amo.

Eu te amo nas três dimensões,

nas quatro luas, nos quatro elementos,
nas quatro estações,

nos quatro pontos cardeais.

Eu te amo nos cinco sentidos,
nas sete cores do arco-íris,

nas sete notas musicais,

nos doze signos do zodíaco

em tudo o que existe
eu te amo
cada vez mais.

Eu te amo na procela e na calmaria,
em todos os josés e marias, nos infantes,
nos anciãos,
nos amigos, inimigos ou irmãos...

Eu te amo em toda a criação.

eu te amo no caos aparente
ou na mais perfeita estrutura...
eu te amo como o próprio criador ama a sua criatura.

Eu te amo no vento que vem do norte,

na linha do horizonte, na pequena
fonte,
nas nuvens grávidas de chuva...

eu te amo nos meus dias nefastos
e nos meus dias de sorte.

Eu te amo na árvore frondosa,
na montanha majestosa,
na pedra preciosa,
nas miríades de estrelas do universo...
eu te amo no pequeno átomo, na imponderável constelação,
eu te amo para além
de qualquer humana compreensão.

Eu te amo pelo pouco
que sei de ti, pelo muito que ignoro
e
por aquilo que somente posso pressentir.

Eu te amo na plenitude da lida,
no ocaso da vida...
e, depois que eu me for,
nas lembranças que
porventura eu deixar,
hás de encontrar perfumado
e
palpitantes restos
do que foi o meu amor!





20 julho, 2008

Loucos e Santos




Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem de ter brilho questionador e tonalidade importante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.

(Oscar Wilde)

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Desejo menos “normalidade” e mais felicidade a todos...
Menos padrão, e mais emoção...
Menos hipocrisia, e mais honestidade.
Menos exclusão, e mais justiça.
Menos preconceito, e mais aceitação.
Menos egoísmo, e mais solidariedade.
Sintam-se mais,
Vivam muito
Aceitem-se todo
Em tudo... Experimentem-se
A_mando do seu coração.
Amem!


AMIZADES


Amizades são como pedras brutas:
precisam ser lapidadas, cuidadas,
lavadas à altas pressões.

Amizades são como flores: precisam de ar
(para se renovarem e tomarem fôlego),
água (afetos e carinhos; mimos doados),
fogo (calor, intimidade, aquecimento,
discussões) e terra (para crescer em
direção ao céu, com raízes profundas;
ou para os lados... espalhando-se e
criando espaços).

Amizades são como crianças: divertidas,
autênticas, diretas, intensas e cheias
de vida.

Amizades são como homens e mulheres:
diferentes na forma e no conteúdo,
mas iguais em humanidade.

Amizades são diferenças nas semelhanças.
Amizades são semelhanças nas diferenças.

Amizades são semelhanças e diferenças
fidedignas e compatíveis.

Amizades não são eternas: são eternizadas.

Amigos


Amigos são jóias preciosas, diamantes,
rubis, esmeraldas, aguá-marinhas,
brilhantes, safiras, topázios: cada um,
a seu jeito, é belo, brilha, encanta,
enobrece e possui valor singular e único.

Amigos são luzes que iluminam as sombras...
e as fazem desaparecer.

Amigos são anjos encarnados que
conhecemos, hoje ou ontem, e que
cumprem, sempre, a sua missão.

Amigos são amores-paixões etéreas
e abstratas que se concretizam no cotidiano
num corpo-sem-corpo que dá corpo à
espaços-tempos absurdamente
lindos e energizantes.

Amigos são vocês... que me vêem
e vêm querendo-me... bem!

18 julho, 2008




"... porque a simplicidade contém o tempêro do sublime."

(Carlos Tenreiro)



Friiiio!!!



Sabe o que o frio me faz sentir?
Calor!
Não o calor de um corpo que sua/ (sua? - deles? delas?)
Sabe o que o frio me faz sentir?
Vida!
Não uma vida parada.
Mas uma vida em movimento...
que treme!
E busca... aconchego!
Chego? Chegas? Chegarás?
...
Chega?







"...alguém está sorrindo eternamente
Quando um sorriso, para ser sorriso, devia ser efêmero...
... e, nas cartas antigas, também o amor amarelece."

(Fragmento de "Retrato sobre a Cômoda, de Mário Quintana)

Quantos sorrisos são mais vivos na memória e no coração do que nos retratos!
E quantas cartas de amor, erroneamente julgado eterno, podem ser jogadas no lixo,
reciclável, de preferência... já que tais amores não o são... rsrsrs

A vida... é renovação!
O que dizer, então, dos amores que não terminam?
Ah sim, porque os há... apesar dos retratos!

Talvez... eles sejam um outro tipo de amor!
Um amor não tão... absoluto, que,
por não se pretender absoluto...
Toma... ares de eterno!
Um "amo agora" que se repete de...
diferentes maneiras!

Mutabilidade das e nas formas de amar!



Sobre o tempo




Com o tempo, a gente se acostuma
às ausências mais doídas.
Com o tempo, a gente se acostuma
com tudo nessa vida.

Quem é importante,
mesmo estando distante,
continua sendo amado.
O tempo tem esse poder...
de fazer parecer...
que aqueles que amamos,
ainda estão, como antes, ao nosso lado.
Acaba o sofrimento,
o coração se aquieta
e a saudade, só em alguns momentos
nos atinge como uma flecha.

Mas o tempo, também,
pode ser ingrato e cruel,
pode ir apagando da nossa mente
os rostos que achar conveniente.

Assim, se você ama alguém, realmente,
mesmo estando distante,
sempre se faça presente.

Entenda que quando um rosto
se apaga da nossa imaginação
acaba se apagando também
dentro do nosso coração.

Desconheço a autoria

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Deus... quando se esquece um rosto?
Como? Se foi tão amado...
O retrato ajuda a lembrar?
Por que, se está esquecido...

Maldito tempo!

O que se apagou da memória, se apagou do coração?
Mesmo? Quando? Sempre?
O que se desfêz no coração, pode subsistir na memória?

Existe... memória de amor, de amar...?
Do amado? Da amada?

Bendito tempo.

Simplesmente não sei o que fazer com ele.
Mas, parece, que ele sabe o que fazer comigo.

&&&&&&&&

E... quando há vislumbres, como um cheiro,
um raio de luz, uma núvem, uma cor do céu...
Que fazem lembrar?

E... quando há fragmentos, como o de um olhar,
de uma certa maneira de virar a cabeça...
uma forma de sorrir e falar,
um certo tom na pronúncia das palavras..
uma certa vibração no corpo,
Que fazem lembrar?

E... quando o que faz lembrar, embora julgado esquecido,
vem... de dentro? Do coração, da lembrança? Da vontade?

Estamos irremediavelmente perdidos.
Estamos irremediavelmente nos achando!


17 julho, 2008

Os Vampiros, cuidado... eles existem! ou... sobre o Mestre e as Aprendizagens




Eles existem e estão à solta.

Atendem por nomes comuns e nem sempre são facilmente identificados.
Andam sozinhos ou acompanhados e atacam a qualquer hora do dia e da noite... em qualquer lugar. Geralmente são bonitos e, muito mais importante do que isso, é a SENSAÇÃO de beleza que deles emana em direção aos ... nossos olhos!

Invariavelmente são muito, muito, inteligentes, sedutores e manipuladores.
Seu poder é o poder de inebriar e encantar. Quando você vê... já está mordido. Tome cuidado... porque eles tiram até a última gota... da sua energia. Sim, eles são os vampiros energéticos. A mordida... não deixa... furinhos no pescoço!


Eles, esses vampiros energéticos, não dormem em esquifes
forrados de vermelho e não têm medo da cruz...

Não se vestem com capas forradas de golas altas...
e não bebem sangue...

Eles gostam de deixar você sentindo falta deles e fazer com que
você fique, rapidamente, mas muito rapidamente, envolvido...
completamente envolvido.

E... é nesse seu envolvimento... que eles NÃO se envolvem!
Pronto. A mordida funcionou. Você foi contaminado.
Contaminado pelo vício de querê-los, mais e mais...

Detalhe importante: você não se dá conta disso.



Ao ser indagado... pelo jovem iniciado, sobre quais seriam os alimentos preferidos dos vampiros, o mestre respondeu: "O cardápio é tão vasto e variável que é quase impossível listá-lo... Enunciá-lo, na íntegra, é difícil... porque esse cardápio energético... vai se modificando ao longo e durante o próprio ato de degustá-lo!

Esse é um dos segredos, muito bem guardado pelos vampiros.
Em todo caso... podemos citar: atenção, ternura, carinho, decisão, amor, apreço, humildade, perdão - sim, perdão... eles adoram ser perdoados pelos seus erros, sempre repetidos! - solidariedade, vergonha (claro, eles se alimentam do seu constrangimento, da vergonha que você sente... por eles, no lugar deles), simpatia, aceitação... inteligência - eles amam e chegam a idolatrar pessoas inteligentes, muito inteligentes... porque, assim, com essas pessoas, estabelecem uma relação de espelho... que dificilmente se quebrará... este é um espelho no qual eles podem mirar-se!"

Então Mestre, falou o estudioso dos mistérios,
eles se alimentam de sentimentos, atitudes e ações!

"Sim... e com um aprimoramento em dissimulação raramente visto. Até nós próprios, os magos e magas, não conseguimos ser tão dissimulados quando necessitamos - risos - nesse sentido, eles nos ganham longe!

Mas veja, não esqueça de uma coisa muito importante:
nem sempre eles são maus e perversos.

O que são então, perguntou.

A resposta do mago-mor saiu como uma flecha,
que sabe que seu destino é acertar o alvo, antes mesmo de ser atirada: infantis e inseguros! Você acredita que eles fazem tudo isso e sugam as energias que lhe são doadas ou tomadas... de forma completamente premeditada? Não cometa esse equívoco. Esse é um perigo que ameaça o antídoto!" (De "Apreendendo com o Mestre sobre Vampirismo Contemporâneo, anotações mnemônicas)


"Quero que me ensine
sobre o antídoto, Mestre!"

Mesmo quando pronunciei
essas apressadas palavras,
já sabia que o Mestre ficaria
em silêncio.
Ele sabia que eu ainda estava
- quase -
sucumbindo ao fascínio de um deles.
O irresistível voltava a bater
na minha porta!

Era preciso silêncio
- e o mago sabia disso -
porque, e isso Eu Sabia,
a resposta estava dentro de mim!!!



Esse garoto sabe tão-bem-como-cada-um-de-nós que,
o antídoto, só funciona quando gestamos...
o autoconhecimento que prescinde da luxúria da tentação.

O resistível é uma força de contenção que guarda
contra as regressões espontâneas ou estimuladas
pela manipulação emocional.

Sempre há perda energética quando alguém se entrega
ao erro-sabido-como-erro.

É exatamente nesse ponto... que reside a diferença
entre viver o presente e o imediatismo das
sensações: o apego é entrega e o discernimento é
resistência ativa... ao sucumbir!

Não é possível ter os dois simultaneamente, e, à cada um deles,
há de se pagar um preço.

Nem sempre é possível escolher...
quando o irresistível aparece disfarçado de múltiplas dissimulações
e aparências sedutoras aos sentidos e aos afetos carentes...
de tudo, principalmente de amor-próprio.

Lembrem-se: eu disse gestar!

Palavras do Mestre registradas nas atas do
"Conselho Supremo para a Avaliação Continuada dos Iniciados."

Tempo, por Martha Medeiros





O tempo divide-se entre o ontem, o hoje e o amanhã. Ontem já foi, e amanhã, vá saber. Dito assim, fica fácil perceber qual das três etapas é a mais importante. O presente, lógico. O passado é importante pela bagagem que você traz de lá e o futuro só é importante no plano da abstração e da fantasia, porque ninguém o alcança: estamos todos presos neste exato momento.
Diante dessa visão simplista, passado e futuro transformam-se apenas em sinalizadores de calendário, em semântica para designar quem você foi e quem você pretende ser quando crescer. No entanto, são justamente esses dois tempos que monopolizam o planeta. O presente, coitado, não tem armas para combater duas superpotências chamadas Lembrança e Expectativa.

[Martha Medeiros]

Thoth





É Thoth... cabeça de ibís, a ave...
Mensageiro, escriba, detentor da sabedoria que foi escrita e que vai ser distribuída... transmitida aos destinatários... escolhidos.

rsrs... na época do Egito antigo, só algumas, muito poucas, comunicações eram dirigidas ao povo...

Ainda é assim hoje, não é mesmo? Com a diferença de que, hoje, temos excesso de tudo: sub- informação, hiper-informação, pseudo-informação... e liberdade de imprensa. Liberdade?
Para que... se tudo precisa de um milhão de provas?
Na era da confiança... há desconfiança generalizada, atestada por lei.
A princípio e, até prova em contrário, todos são inocentes.

Será?

Na era da desconfiança... há confiança demasiada em testemunhos considerados insuspeitos... pois os "atestados de passado irrepreendível" geram uma confiança absoluta.
Tudo o que é da ordem do absoluto, está destinado ao fracasso... também absoluto.

Ninguém é inocente.