19 novembro, 2008

NÃO ME VENHAM... (José Geraldo Martinez)






NÃO ME VENHAM...
(José Geraldo Martinez)

Não me venham falar que tudo passa,
que amanhã será um outro dia!
Que esta tristeza nada mais é que a ressaca,
do amor que ainda em mim gemia...

Estrofe que termina com rima ao passado?
Falta de inspiração trazê-la ao presente...
Geme ainda o amor em meu peito,
ainda que esteja ausente!

Não me venham com conversa fiada
que amanhã encontrarei outra pessoa !
É num piscar de olhos encontrar a pessoa
errada...
Sair machucando os outros, assim, à toa?

Não me venham dizer que eu não mereço!
Sabem do que causei, o preço?
É muito? É pouco?
Tão fácil medir a dor do outro!

Serei perdoado?
Quem me garante?
Se a dor da alma é ignorante e concisa !
Haverei de amar muito mais que antes?
Medir meu amor de quem a conta precisa?

Amei de menos...
Demais?
Existe por acaso qualquer instrumento
que possa medir o amor aqui dentro?
Meus ais?

Não me venham com conversa fiada!
Possui faca amolada a saudade
e corta o coração da gente...
Se não eu? Quem sente?
Quem?

A dor é minha !
Inteirinha, inteirinha...
Também a culpa, só minha,
de mais ninguém!

E, deste fel que eu mesmo fiz devo provar!
Envelhecido nos tonéis de meus erros...
Não me venham consolar !



(Imagem: Asas do Desejo, de Win Wanders)




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