24 agosto, 2009

O mago fala sobre a força atômica das perguntas





Mestre, por que os questionamentos são tão mal recebidos pela maioria das pessoas?

Porque eles desestabelizam o sentimento de poder dos falsos poderosos e põe em evidência a falência das instituições que eles ferrenhamente querem manter de pé.
A constatação de que "nem tudo vai tão bem" como sugerem as aparências, causa medo. Medo do novo e medo de suportar a queda/quebra do (falso) poder que julgam ter.

Falsos poderosos?

Sim, porque seu poder é restrito à fragmentos de particularidade e de especialismos... tome o exemplo dos médicos e seus pacientes.
Paciente é quem tem paciência, não é mesmo?

Sim, mas falsos poderosos?

Sim, porque imaginam que podem pensar pelos outros com seu especialismo e, assim, justificar-racionalizando... tudo.
É pura ilusão de poder. Nada podem sobre o pensar do outro.
Mas uma coisa é importante: eles têm poder, e muito, mas é restrito e frágil. Basta você indagar acerca de outro especialismo... e pronto... desaba tudo!

Entendi: daí querem, a todo custo, edificar um saber "arranha-céus" sobre um fio de nylon.

Exatamente.

E... o poder verdadeiro, alguém o tem?

Todos nós o temos. Mas é o poder de desestabilizar o instituido, desde que nos permitamos fazê-lo com um mínimo de coragem e com um mínimo de abertura ao novo... e a (às) maneiras diferentes de pensar o próprio pensamento.
Pensar um novo pensamento é a maneira de evitar o joguinho de poder e adendrar recursos inéditos de solidariedade, amor e respeito... que podem emergir desse encontro de inéditos.

Mas o poder se exerce e sendo exercido, sobre as pessoas, os pacientes, no caso dos médicos que você citou, ele tem força... não é possível negar isso!

Claro que sim. O que digo, é que esse poder que é exercido, acerca do qual você está falando, é um poder real, mas frágil... ele desmorona e se desmancha, perde força... quando questionado. Ou, então, o pior acontece: cria-se a ilusão de ficar mais e mais forte, devido às racionalizações feitas para manter-se de pé.... e mantê-lo de pé.. o poder!
Esse é um poder que tem o poder de perpetuar e repetir o que já está, o que é, o que sempre foi... assim!
O poder de que falo... é de uma outra ordem... é um poder de criar, inventar, des-institucionalizar o óbvio, o sempre tido... o "sempre foi assim".

Mas esse poder também é frágil Mestre.

Sim e mais frágil do que o outro, porque é novo, embrionário. Precisa de alimento para se desenvolver. Mas não esqueça: sendo embrionário é também atômico... e sua força, nesse sentido, fica devastadora... porque institui diferença na maneira e na forma e, mais do que isso, no conteúdo do pensar, do sentir e do agir.

E qual seria o alimento?

Abertura, escuta, disposição para conversar.
Disposição para desmanchar estereótipos e fixidez(es).

Bem, nesse caso, todos os que já questionaram um médico, só para continuar no exemplo, e, mais do que isso, Mestre, todos os que já discordaram de um médico apresentando argumentos não arraigados no especialismo dele... sabem disso.

Sim, o mesmo se pode dizer sobre os magos! (risos)
Pense num mago preso aos seus rituais, um mago que não pensa e que não raciocina, mas que só racionaliza suas práticas, tentando defender o recurso dos rituais. Que magia de vida, da vida, pode atravessar semelhante coração e lá se instalar, para gerar... diferença e novidade, ineditismo?

É. Percebo a dificuldade.

No entanto, nem tudo está perdido, pois a vida tem esse dom de semear mudanças, com ou sem a vontade de participar dos especialistas, e contaminar as mentes e os corações minimamente abertos.. inclusive os deles... em algum momento, em algum tempo.
Essa é outra grande magia e que... dispensa rituais!
Sobre a força atômica das perguntas e questionamentos, é importante ter claro que é preciso saber perguntar e saber o quê perguntar... senão... redundâncias e explicações cansativas!

Mas eles não sabem disso Mestre.

Mas nós sabemos! (risos)

(De "Fragmentos de Conversas e aula informal com o Mago-mor sobre o poder e os podres poderes")


Enfrente esse dragão do instituido e você verá quantas luzes e cores daí resultarão, mesmo sob uma capa aparentemente preta e impermeável à luz.
Experimente!




2 comentários:

Kátia disse...

"Poder verdadeiro, alguém o tem?
Todos nós o temos. Mas é o poder de desestabilizaro instituido..."

Esse blog foi mesmo um achado!!!!
Restaura forças que se reorganizam e ressurgem em todo o seu maravilhoso esplendor.

Esse texto é, a meu ver, um ensinamento perfeito para a vida. E... ele deu-me um empurrão.
Ontem enfrentei um 'dragão do instituido' e ao que tudo indica... DARÁ CERTO!!!!!!!

Thanks, my dear!
Por você existir e esse blog também.

.

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

Hahahaha...
Vim re-ver esse post: uma decorrência do grande número de acessos que ele possui.
É vero: acho que está bem bom e é resultado de um empurão-de-alguém-que-foi-empurrado-por-vários-empurrões...empurradores-de-aguém.

Os tais dragões SEMPRE estão à espreita, prontos para lançar seu bafo quente, úmido e pegajoso.
Ainda bem que as forças desejantes minoritárias também estão sempre (minúsculo, mas sempre) se atualizando e fazendo presentes.