27 março, 2010

TODOS OS MEUS DIAS, por Ceres Marylise ...ou sobre as atitudes necessárias para lidar com os assaltos mnemônicos





TODOS OS MEUS DIAS
... Ceres Marylise ...

Retornas à minha mente após longo recesso
e nasce um leve pranto, talvez de nostalgia.
Tento romper de vez o mal desse regresso
e recuso-me a aceitá-lo em tenaz rebeldia.

Fraqueja meu sentir e minha força é o verso
a desnudar meu silêncio, fiel melodia,
que conduz e arrasta todo o retrocesso,
vai-e-vem de incertezas e melancolia.

Brisas vêm enxugar algum resto de pranto,
luzes chegam e reclamam carícias que faltam,
mas cansada de amar-te, faltou-me energia.

Agora, sem amarras, meu vôo levanto
e empreendo a viagem enterrando agonias
ao sentir que te esqueço, todos os meus dias.



Mestre, porque é tão difícil esquecer um grande amor?

Responda-me você !

Não sei a resposta. Como saberei?

Observe o que está pensando, quando e como.
Observe o que está sentindo, como está se sentindo e como está sentindo.
Observe, e isso é o mais importante, o que determinou "a volta" disso.

Papo de mago. Você nunca amou, nunca se apaixonou.

Não seja leviano.

...

A volta do que foi - ou do que poderia ter sido - faz parte das artimanhas da memória carente, solitária, fantasiante... que quer mais-daquilo-tudo-novamente.
Também pode fazer parte dos atravessamentos que nos afetam ao ler uma poesia.
Também pode ter relação com apegos imaginários aos possíveis futuros-baseados-num-passado-não-tido.
Também pode estar associado ao desejo de sentir algo intenso, vibrante, forte, passional, quente, estimulante, desafiador... (já perdido ou nunca tido)
De que adianta?
Pode ser mil coisas!

Certo está é que, amarras soltas, levantar vôo se faz prementemente imediato; urgente. 
Já!


Talvez não possamos esquecer 
um grande amor-paixão. 

Mas certamente podemos viver 
(bem!) 
sem ele.

Mas... isso... tem... um... preço.


(De: Lembranças acerca dos amores
e das conversas com o Mago.)

26 março, 2010

Uma Lágrima



Uma lágrima 
*Fátima Irene*

Uma Lágrima ...

Pelo beijo que eu não te dei,
Pelo afago que eu sufoquei,
Pelos sonhos que malbaratei,
Pelo encontro que em vão sonhei.
Pelo beijo que não me roubaste,
Pelo afago que me recusaste,
Pelo encontro que tu evitaste,
Pelo sonho que tu não sonhaste.

Uma Lágrima ...

Pela mão que não entrelacei,
Pelo olhar que jamais cruzei,
Pela valsa que eu não dancei,
Pela música que não entoei.
Pela mão que não apertaste,
Pelo olhar que tu desviaste,
Pela dança que tu não dançaste,
Pela canção que não escutaste.
  

Uma lágrima ...



Pela espera da festa...sem festa,
Pela espera do gozo...sem gozo,
Pela espera da vida...sem vida,
Pelo ápice do fim...sem fim.


Uma lágrima enfim,


Sem festa...pela fresta que tu me fechaste,
Sem gozo...pois no meio do caminho declinaste,
Sem vida...foste minha luz e te apagaste,
Sem fim...começaste a amar e não terminaste!

 

Normal... not important ... and beauty






Sometimes
pretend
to be normal


Some things
are not important




And some things are just beauty!

25 março, 2010

Fabula indiana que mostra sobre os erros de percepção: reducionismo


Esta fábula mostra com clareza, como é fácil se deixar levar por fragmentos para fazer generalizações: uma das gêneses do pré-conceito. 

Tomar a parte pelo todo e generalizá-la, supondo que a verdade da parte pode ser e é a verdade do todo é a simplificação do complexo, é o reducionismo do todo a um de seus componentes, à parte, e é, também, a generalização do que é específico: meios eficientes, esses, de buscar respostas fáceis e se contentar com quimeras perceptivas. 

Nesgas de percepção que geram milhares de desentendidos e desentendimentos... tudo movido pelo desejo absoluto de saber mais do que o outro. E melhor. Tudo isso movido pelo mesquinho e já instituído, como norma, desejo de não pensar. Uma lógica perversa de "no stress",  vigente na sociedade de consumo rápido e de fácil digestão.

Só para citar um outro exemplo, este blog teve 700 entradas e visitas num único mes... vindas do twitter. Alguém de lá colocou um link para a dita postagem desse blog e... puff, se espalhou como que pelo vento. Quando me dei conta, mais de trezentas pessoas já tinha lido a tal postagem. Achei estranho.
Resolvi pesquisar o perfil desses leitores colocando um link para outra postagem relacionada, visando descobrir quantos dos interessados seguiria esse link a partir da sua chegada aqui no blog. Resultado: nenhum!
Dos quatrocentos e poucos que chegaram DEPOIS que associei outro link àquela postagem, NENHUM foi até lá para ler... nem sequer abriram a página.

Acontece que a verdade fragmentada até pode ser uma verdade, mas não deixará jamais de ser uma verdade fragmentada.
Para os consumidores de situações no stress, realmente pensar não vale à pena: dói, é demorado e ... precisa colocar os neurônios e neurotransmissores em funcionamento... muito difícil. Melhor pular para outro galho.

Na fábula abaixo, os cegos eram Sábios. Imaginem se não fossem.
Imaginem se fossem pessoas "comuns" que possuem saberes igualmente comuns e ordinários.

Ainda bem que há pessoas comuns com saberes incomuns e que ainda acreditam nos seus cerebros e na sua capacidade de não se deixar levar pela primeira impressão.
Sim, é a tal primeira impressão que quase sempre gera funestas interpretações da realidade e de sua rede de ligações... matando, desse jeito, a possibilidade de que as verdades possam aparecer com mais nitidez, encantamento, alegria e veracidade, sem preconcepções simplistas. 

Conhecer as realidades, verdades, conceitos, comportamentos nossos e dos outros serve para nos ORIENTAR em relação à vida, nossa vida.
Se as tomamos como generalizações a partir de fragmentos ficamos irremediavelmente DES-orientados.

Trabalhar em si as formas de perceber é um exercício imprescindível para que quer habitar um mundo que necessita mais de pessoas, de humanos e  e menos de vacas de presépio, macacos amestrados e babacas não estressados de plantão. 

............................................


OS CEGOS E O ELEFANTE

Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas consultavam-nos.
Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles, que, de vez em quando, discutiam sobre o qual seria o mais sábio.

Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e compreender melhor do que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí brigando, como se quisessem ganhar uma competição. Não agüento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num elefante imenso. Os cegos jamais haviam tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar os seus músculos e eles não se movem; parecem paredes.
- Que bobagem! - disse o segundo sábio, tocando na presa do elefante - Este animal é pontudo como uma lança, uma arma de guerra.
- Ambos se enganam - retrucou o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia.
- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia as orelhas do elefante - Este animal não se parece com nenhum outro. Seus movimentos são ondeantes, como se seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante.
- Vejam só! Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante - Este animal é como uma rocha com uma cordinha presa no corpo. Posso até me pendurar nele.

E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.

Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- Assim os homens se comportam diante da verdade. Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!

História do folclore Hindu. 

O MENESTREL– WILLIAM SHAKESPEARE






O MENESTREL– WILLIAM SHAKESPEARE

Um dia você aprende...

          Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes e não são promessas. E começa a aceitar  suas derrotas com a cabeça erguida e olho adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

          Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em  quando e você precisa perdoá-la por isso.

          Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva anos para se construir confiança a apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

          Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso que sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que a vejamos.

          Aprende que as circunstâncias e ambientes têm influência sobre nós, mas, nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.

          Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fazem o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudaram a levantar-se.

          Aprende que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando se está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

          Descobre que só porque alguém não te ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ame, contudo, o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que perdoar a si mesmo. Aprende que a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para, para que você o conserte.

          Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

          Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

(William Shakespeare)


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Este "Menestrel" pode não ser de Shakespeare, mas de

Veronica A. Shoffstall:

After A While
 
After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman,
not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn...

...
 
Ou ainda de Judith Evans, que
reinvidica a autoria desse texto pra si.

Comes the Dawn

After a while, you learn the subtle difference
between holding a hand and chaining a soul.
And you learn that loving doesn't mean leaning
and company isn'tt security.
(Kisses aren't contracts and presents aren'tt promises.)

After a while you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes open,
with the grace of a woman, not the grief of a child.
And you learn to build your roads on today
because tomorrow's ground is too uncertain
and the inevitable has a way of crumbling in mid-flight.

After a while you learn that even sunshine burns
if you stand too long in one place.

So, you plant your own garden and decorate your own soul
instead of waiting for someone else to bring you flowers.
And you learn you really can endure,
that you really do have worth.
You learn that with every good-bye comes the dawn
 
 
Colaborou Kátia, a comentadora-mor deste blog

20 março, 2010

Presente do Outono




Chegou o meu amado!
Tudo fica mais...
Sutil, em tons...
Ocres, terrosos...
Vermelhos, amarelos... dourados!
Bem vindo, lindo outono!


Presente do outono


Te dou a brisa fresca!
A cor bonita!
O tempo ameno!

Longe dos extremos,
a vida mais bela fica!
(Cesar RK)



19 março, 2010

Orkut: perfil excluído, relação deletada! (?)




Dentre "As coisas da vida e a Vida das Coisas" está a perda.
Mais especificamente... está a "Vida das Coisas."
Vida que se transforma em morte. Fim
Recentemente me deparei, não pela primeira vez, 
com a perda de uma pessoa nas ditas "relações virtuais", 
que eu costumo e prefiro chamar de virtuais-reais:



Essa pessoa, muito querida por mim e para mim, resolveu excluir 
seu perfil no orkut, ainda que me avisando antes de fazê-lo, 
deixou algumas indigestas indagações:



É possível manter um relacionamento virtual-real sem a presença 
da presença num site de rede social como o orkut?
O que desse relacionamento era mesmo virtual-real e o que era só virtual?
A rigor, existe mesmo essa diferença entre essas palavras?



Tudo o que tivemos juntos, durante um longo e intenso tempo... foi real.
Tudo o que se passou com a exclusão do perfil... virou pó. Tornou-se virtual.
Que espanto.



O indizível e imprevisível se mostram mais uma vez: "Coisas da Vida"!

.........................

Fiz esse post no orkut e encaminhei para "nossos amigos em comum":




(Nome omitido) deletou seu perfil no orkut

Muitos carinhos, imagens, palavras...
Muitos afagos, questionamentos...
Muitas poesias, poemas e belezas...
Edições caprichadas que falavam de amor...
Que falavam de amizade e das coisas da vida.

Uma companhia agradável, inteligente, humorada e muito presente
(Acrescentado aqui e agora)

Tudo desintegrado. Sumido.

Uma espécie de morte. Perda.

Estou triste e frustrado.

Que ela não se arrependa dessa decisão.
Luz e Paz para ela. Sempre.






18 março, 2010

Busque a luz



Nas florestas encantadas das histórias...
Sempre há uma luminosidade...
Um clima de magia no ar... em tudo.



É a beleza que temos dentro de nós também!



Ilumine sua vida!
Busque a luz e a beleza dentro de você.


Quando sentir dificuldade, porque está habitando as sombras,
peça ajuda aos anjos...
Eles certamente virão... em seu auxílio e benefício!

11 março, 2010

Espaço Aberto, por Luciano Luppi



Por vezes sou acometido de uma comichão-urticária-mental 
ao ler alguns textos que me parecem estar associados à auto-ajuda:

Receitas prontas e conselhos não solicitados com-vistas 
ao-crescimento-pré-determinado-linear-e-padronizado!

Seja como for, o texto abaixo, que nem sei se é de auto-ajuda,
me pareceu bem escrito, lúcido e simples, por isso o posto aqui.

Algumas vezes, a simplicidade e objetividade de um depoimento é 
um estímulo que ilumina lugares que estão... escurinhos dentro das pessoas.

Esoterismos à parte e feng shuis à parte...
certo está que é importante fazer da prática ecológica uma realidade cotidiana.
Isso inclui limpezas de todos os tipos: 
mentais, relacionais, mnemônicas, afetivas;
relativas aos objetos cheios de apego e assim por diante.
Alguns são recicláveis; outros não!


 Espaço Aberto 
Luciano Luppi   

Um dia me dei conta de que, para continuar crescendo,
era urgente iniciar uma faxina dentro de mim.
Eu precisava de mais espaço aqui dentro e,
no entanto, havia muitas lembranças
inúteis e indesejáveis ocupando o lugar
da alegria e dos sonhos.

Um canto estava abarrotado de ilusões,
papéis de presente que nunca usei,
algumas mágoas, risos contidos e livros que nunca li.
Espalhados por todos os lados haviam
projetos de vida abortados e decepções.

Abri o armário e joguei tudo no chão.
Foram caindo: desejos reprimidos, olhares de crítica,
palavras arrependidas,
restos de paixão e ressentimentos estúpidos.
Mas haviam coisas importantes no meio de tudo:
um brilho de esperança, o amor maduro,
algumas boas gargalhadas, momentos de ternura e paz,
desafios e bastante amizade.

Não havia dúvida, bastava jogar no lixo
tudo que não servia mais para que eu continuasse crescendo.
E depois, tratei de varrer
todas as recordações empoeiradas,
passei um pano nos ideais,
pendurei os sentimentos nobres na paredes mais claras,
guardei nas gavetas todas as boas lembranças,
perfumei a criatividade e abri a porta
para que o meu espaço fosse invadido
por algo que estava faltando para o meu crescimento pessoal:
a capacidade de recomeçar.

10 março, 2010

Sobre a arte e o artista: frases de Nietzsche, da Vinci, Schopenhauer, Brecht, Mozart e outros...



(Fractal de jswgpb)

A lei suprema da arte é a representação
do belo.
*Leonardo da Vinci*

Cada um de nós para o tempo em busca
do segredo da vida. O segredo da vida
está na arte.
*Oscar Wilde*

Toda a arte e toda a filosofia podem ser
consideradas como remédios da vida,
ajudantes do seu crescimento ou bálsamo dos combates: postulam sempre sofrimento
e sofredores.
*Friedrich Nietzsche*

A arte é uma flor nascida no caminho
da nossa vida, e que se desenvolve
para suavizá-la.
*Arthur Schopenhauer*


(Arte digital: fantasia, desconheço o autor)


A suprema arte da guerra é derrotar
o inimigo sem lutar.
*Sun Tzu*

O amor é a arte de criar algo com a
ajuda da capacidade do outro.
*Bertolt Brecht*

Para se fazer uma obra de arte não basta
ter talento, não basta ter força, é preciso
também viver um grande amor.
*Mozart*


A Arte de Ler
O leitor que mais admiro é aquele que não
chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando
a viagem por conta própria.
*Mário Quintana*


(Roger Dean - Jade Sea)

07 março, 2010

Dia da mulher: desinvestindo o falocratismo




Acho que a questão não está em avaliar quem teria mais
liberdade - o homem ou a mulher - mas em apreender
o modelo que funda tanto esse homem quanto essa
mulher: o falocratismo.

E se o que estou dizendo tem a ver, resistir a essa sexualidade
dominante significa ter como alvo tanto um modelo de homem
(o machão, em qualquer uma de suas versões), quanto
um modelo de mulher (a noivinha & a putinha, a esposa e a
amante).

A resistência implicaria em embarcar nos processos de
diferenciação de todos esses modelos, pois com isso é
o próprio falocratismo que estaríamos desinvestindo.
São justamente esses processos que a gente poderia
chamar, citando Guattari, de "devir mulher": devir mulher
do homem, devir mulher da mulher, enfim,devir mulher
da nossa sociedade.

(Suely Rolnik)

...

A história nos mostra que o falocratismo e a hegemonia masculina
são dominantes dentro e fora dos gêneros masculino e feminino.

Assim, o que importa não é o gênero e nem sua diferenciação, mas a
energia, um fluxo em movimento, que possibilita maneiras outras
de ser homem e mulher, para além e aquém desses clichês.
Necessário é que se crie, invente, experimente outras formas
para sair das formas do falocratismo.

(Cesar RK)



05 março, 2010

Edgar Morin fala sobre os mitos




Para uma nova relação com os mitos

Não podemos fugir aos mitos.
Para nós, o problema consiste
em reconhecer
nos
mitos
a SUA realidade e não A realidade.

Em reconhecer a SUA verdade,
e não em reconhecer neles
A verdade.

Em não introduzir neles o absoluto.

Em ver o poder de ilusão que segregam constantemente
e que pode ocultara SUA verdade.
Devemos demitificar os mitos, mas não fazer da demitificação
um mito.

Não podemos fugir aos mitos,
mas podemos reconhecer a sua natureza de mitos
e relacionar-nos com eles,
simultaneamente, por dentro e por fora.



Edgar Morin fala sobre a confiança e a desconfiança, fé e dúvida





Pensar autonomamente 
significa refletir na sua crença 
e na sua descrença,
na sua confiança 
e na sua desconfiança.


A cultura, que deveria permitir-nos
pensar por nós mesmos, leva-nos, demasiadas vezes a pensar "culturalmente",
de forma convencional e estereotipada, e assim, sem sabermos, somos submetidos
às crenças e descrenças, às confianças e desconfianças que são de regra.

 
Devemos portanto 
desconfiar 
das nossas confianças, 
sem por isso 
nos entregarmos 
às nossas desconfianças. 

Devemos também desconfiar 
da desconfiança, quando esta 
se torna suspeita generalizada 
que contesta as certezas 
mais fiáveis.

 
O que podemos fazer é estar conscientes do nosso dispositivo
de desconfianças/confianças, tentar conhecê-lo bem,
pô-lo a cada instante à prova e compreender que, em caso
de dificuldade, devemos ser prudentes em relação a uma e a outra.

Isso significa que é necessário apreender a desconfiança em relação
à confiança/desconfiança ingênua, para que essa desconfiança crítica
suscite então novos critérios de confiança.

Não podemos privar-nos de redes de confiança/desconfiança, mas em vez de
as aplicarmos a priori a todos os acontecimentos, deveríamos, pelo contrário,
precisamente em função dos acontecimentos, submetê-los e testes
verificadores.

Não existe nenhum lugar, nenhuma situação, nenhum problema onde possamos
escapar ao problema da confiança/desconfiança.
Não podemos viver nem na confiança generalizada, que nos leva a acreditar
em tudo, nem na desconfiança generalizada, que nos leva a crer que todos
conspiram para nos enganar.

Desde logo, devemos reconhecer 
que há sempre uma aposta, 
um risco,
uma incerteza, 
em tudo o que pensamos 
e acreditamos. 


Devemos conhecer
e reconhecer nosso próprio sistema 
e rede de desconfiança/confiança
e saber examiná-lo, 
ou seja, 
ao mesmo tempo 
examinar-nos.

 
Devemos deixar de opor absolutamente confiança e desconfiança, o que nos leva
a introduzir desconfiança potencial na confiança e desconfiança potencial
na desconfiança, isto é, incerteza numa e noutra, sem no entanto a incerteza
desintegrar uma e outra.

 
Não podemos evitar a desconfiança 
- a dúvida. 

Não podemos evitar a confiança 
- a crença.

 
A palavra "crer" tem dois sentidos opostos: no contexto de um pensamento
religioso, significa não só fé, mas também certeza e pode por isso significar
fanatismo e dogmatismo. No contexto do pensamento laico significa hipótese,
possibilidade, esperança. Mas mesmo nesse contexto pode e deve significar fé,
mas nesse caso uma fé que possa dialogar com a dúvida.

Toda fé comporta a sua dúvida (recalcada, secreta, desconhecida dela própria).
Toda a dúvida comporta a sua fé (recalcada, secreta, desconhecida).
Cada um dos dois termos comporta o outro em estado recessivo.

Vemos portanto:

1. Uma má alternativa fé/dúvida: a fé só conduz ao fanatismo, a dúvida só
conduz ao niilismo. Quantos males se devem ao excesso e à insuficiência de
crença!

2. Um círculo vicioso fé-dúvida, no qual a perda da fé conduz à dúvida,
tão desesperante que restitui à fé, por sua vez tão frágil que recambia
para a dúvida, e assim sucessivamente.

Para fugir à alternativa devemos reconhecer que toda fé comporta/recalca
uma dúvida e que toda dúvida comporta/recalca uma fé. Pra fugir ao circulo
vicioso devemos tentar estabelecer uma comunicação, um diálogo, melhor,
uma RELAÇÃO entre fé e dúvida.

                 (Edgar Morin)