02 outubro, 2010

Ser seletivo, eis a opção, ou sobre bons encontros, amor e decisão



Ser seletivo, eis a opção!
Trata-se de escolher (bons) encontros e não de desprezar pessoas.
Trata-se de escolher entre... poder e potência !

Simples assim.
Nem tão simples...
assim!

Há que se abrir muito bem os olhos, o coração, a intuição, as sensações
e... ainda por cima, pensar.

É um "estar atento" ao que se passa efetivamente, 
apreendendo a distinguir as relações que se estabelecem 
entre realidade, virtualidade e atualidade, 
bem como entre (o que é) social, pessoal, íntimo, público e privado.

Eu escolho bons encontros: potencializantes de desejo de vida.
Usar o poder de afetar e ser afetado nessa busca.


O pensamento deleuzeano
tende a promover uma
proliferação intensiva de bons
encontros ao mesmo tempo
em que assume o ponto
de vista de saídas para
a vida, mesmo porque,
segundo ele, “não há
obra que não indique
uma saída para a vida,
que não trace um
caminho entre as pedras”.




Trata-se de ver
como Deleuze,
em seus encontros
com Nietzsche
Bergson e Espinosa,
pensa a favor de uma
singular ética vitalista.

Como ele distingue
vontade de poder
e vontade de potência,
como isto atua
como critério
de seleção dos encontros.


Com Espinosa, ele pensa
distinguir bons
e maus encontros
em função
de duas dimensões:
a da composição
das relações constitutivas
dos seres e
a da variação do poder
de afetar
e de ser afetado.

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Bons Encontros:

- Um arrepio na espinha: potência
desejante de crescer e vencer...
que vem como uma afirmação
do próprio desejo de não repetir...

- Uma forma de saber quem sou
e como estou. Com arte e beleza.

- Uma doce suavidade inesperada
e cheia de pimenta com chocolate,
ou... seriam... cerejas?

- Uma agressiva investida de
opiniões contrárias.
Sempre contextualizadas.

- Uma estranha maneira de
nos despersonalizar
fazendo emergir "um outro"
de nós, desconhecido
de ambos.

- Uma força e uma sensibilidade
insuspeitas e insuspeitadas.

- Um desejo de mais e melhor vida.

- Afetar e ser afetado por poderosas
correntes de viver a vida conforme os
próprios valores, crenças e experiências.
Uma abertura ... para ver e conhecer.

* Cesar R K *

Esta posição de ser seletivo na busca de "bons 
encontros"está fundamentada numa atitude ativa de

sensações potencializantes e nada tem a ver com o 
julgamento precipitado de pessosas e comportamentos;

nada tem a ver com a estética e a forma "da primeira 
impressão"; nada tem a ver com estereótipos e 

preconceitos de qualquer tipo e, finalmente, nada tem a 

ver com a romantização de um amor universal que não 

sabe dizer não e preconiza que todas as pessoas tem 

algo de bom para dar e oferecer.


Tem a ver, isso sim, com o conjunto contextualizado de 
tudo isso que foi citado e, mais ainda, com a sensação 

de bem ou mal estar que esse encontro, ainda em estado 

de virtualidade, provoca.


Virtualidade (real) como um espaço-tempo embrionário 
que ainda não está processado, ainda não está 

"materializado" como uma atualidade do encontro.


Mas, mais uma vez, a dificuldade está em se entender 
que as sensações podem apontar caminhos bifurcados e 

híbridos, portanto não lineares e não baseados na ação e reação, já que, exatamente, uma primeira impressão, só para citar um exemplo, pode ser negativa, agressiva, e até desestimulante, porque estava baseada em 

pressupostos e expectativas irreais e fantasiosas.

Noutras palavras, um bom encontro pode se dar 
exatamente
 por esses motivos, ou seja, houve um 
desafio para que eu me des-reconheça no que sou/estou e 
passe a possibilitar-me um outramento - descobrir um 
outro de mim, ou outros - se me arriscar nesse contato 
com esse outro ou essa coisa... que, a princípio me 
incomodou, me afetou de forma "negativa".



Mais frequentemente, no entanto, acontece de lermos 

algo, vermos alguém, ouvirmos algo que imediatamente 

nos afeta de uma tal maneira que nos sentimos 

compelidos, estimulados, desejosos de participar, nos 

entregar, sentir, pensar, ouvir, perceber, intuir, 

fazer algo diferente do que estamos acostumados.

Uma espécie de estranhamento se apodera de nós e nos 
move, como que através de um contágio - afetivo, 

intelectual, relacional, ideológico, artistico, 

espiritual, social E/OU qualquer outro - a buscar a 

diferença de nós próprios, de nossa maneira usual de 

ver, viver, perceber e agir na vida.


Acontece de A Vida nos atravessar de uma tal maneira 
que parece que, antes disso, desse momento, nunca, de 

fato, a havíamos vivido, conhecido, esperimentado.

É o poder de ser afetado.


Desejamos mudar algo em nós ou no entorno ou na 
essência
 mesma daquilo que nos afetou no 


e pelo 
encontro. 
Desejo de vida.
Uma abertura. 
Uma sensação muito forte e quase irressitível de 
potência. 
Uma nova força. 
Uma nova impregnação e um mergulho para além de nós 

mesmos que nos arrebata e nos faz sermos nós mesmos, 

de 
novo, de um outro jeito... já não tão identitário, 
egóico, cheio de melindres, desculpas e culpas.
Uma nova... delícia para saborearmos.


Também acontece frequentemente de lermos algo, vermos 
alguém, ouvirmos algo que imediatamente nos afeta de 

uma tal maneira que nos sentimos compelidos, 

estimulados, desejosos de sair correndo, fugir, sumir, 

evitar àquela situação ou pessoa, pois que ela nos dá 

uma forte sensação de impotência, de não conseguir 

fazer nada, de ficar inoperante (nada tem a ver com 

silêncio) ou, dito de forma mais apropriada, nos faz 

sentir
 despotencializados, im-potencilizados.

Desejo de morte.
Ficamos com a sensação de que vamos nos incomodar, 
repetir situações desagradáveis, trágicas, estúpidas, 

incapacitantes que já não queremos mais e nem podemos 

ter mais, sob pena de comprometer nossa tão buscada, 

necessária, trabalhada e acolhida necessidade de saúde 

mental, afetiva, relacional, enfim... de vida e 

potência.


Um bom enconto, para ser digno desse nome, envolve, no 
mínimo, duas pessoas, falando-se de encontros 

humanos, ou seja, precisa ser bom para OS DOIS.

Se for só para um... é outra coisa.... amor 
interesseiro, infantil, vampirismo, enfim... essas 

coisas chatas e nojentas... que podemos optar, na 

medida do quanto e do como estamos com os olhos, o coração, e a intuição bem abertos; com as sensações afinadas e livres de estereótipos e preconceitos e... ainda por cima, na medida que estamos pensando com lucidêz. 

Difícil?
Um pouco, mas possível.
É, na verdade, trabalhoso.
Mais fácil é "sair loqueando e loqueteando" 
inconsequentemente feito um hipotético pássaro ou 

borboleta que goza só da liberdade de voar, sem que 

nunca necessitasse parar e pousar.


Nos encontros inumanos, aqueles que se dão com 
"coisas"... podemos estabelecer bons encontros 

altamente potencializantes sem a necessidade do outro.

É o que acontece numa viagem, numa caminhada, numa corrida; com a visão solitária de 
um entardecer ou amanhecer; com as gotas da chuva, 

com 
as folhas no chão, com a observação-contemplação de 
alguém que tem um jeito todo próprio e lindo 
de 
caminhar... sorrir, falar, enfim...
Ainda nesse caso particular "do jeito do outro" que não 
se sabe e não se reconhece observado-contemplado... 
pode resultar de num encontro humano acontecer. 
Se será um bom encontro ou não... 


Essa divagação que estou fazendo, tem a ver com o amor 
decisão, em contrapartida ao amor paixão, no qual somos 

puro arrebatamento, joguete do outro e das nossas 

fantasias ilusórias e românticas.


Estou dizendo que a paixão não promove e não provoca 
bons encontros? Não nos contagia?

Não!
Estou dizendo que a paixão não correspondida e, que, 
mesmo a correspondida, podem cair em territórios de 

loucura, ilusão, doença e despotencialização, a ponto 

de se transformar num vício e numa prisão.

Desejo de morte.

Por fim, quero dizer que o caminho entre as pedras pode passar pelo não peremtório; pelo sim condicional; pelo não ocassional;  pela decisão revisitada e não definitiva (mudança de opinião, de sentimento, de pensamento, enfim...); e, aindam pela experimentação.
Podemos experimentar o caminho, as pedras, os desvios, as brexas, as sensações e... decidir mediante os dados dessa experimentação.
Digo experimentação, não digo só e apenas acerca da "experiência tida", mas da experimentação mesma... tomada por si própria.

Ainda, só para fazer uma distinção, está claro que, 
mesmo o mais "infame" dos monstros desalmados" ou 

"psicopatas-manipuladores de plantão" é capaz de 

promover bons encontros com algum fio, humano ou não, e 

produzir potência desejante de vida.

A questão é, se vamos, ou não, naquele momento, compor 
algum tecido com aquele fio que ele (se) nos apresenta.

Aí... vem a decisão, geralmente difícil e ... 
culpabilizadora quando a resposta é... não.


Tem ainda a questão que quero desenvolver num outro 
post (mais adiante aqui no blog) e que está circulando 

DEMAIS na internet em PPS e no orkut em forma de scrap.

Um assunto "deveras" interligado com esse dos bons 
encontros e sua relação com o outro, o amor e a 

decisão: a noção altamente difundida, repetida acriticamente e repassada "ad infinitum" de que somos os únicos responsáveis (pelas mudanças) na nossa vida e 

que existe alguém que está eternamente nos esperando para nos fazer felizes d e f i n i t i v a m e n t e, ou, sobre... "a volta da alma gêmea, parte 1595624".


Mas isso é para mais tarde.




3 comentários:

Susana disse...

Lindo, super libriano, especialmente no período em que o Sol passa por Libra.. estás especialmente sensível, claro, usando com muita propriedade a espada de Libra, depois de colocar tudo na balança. Fico pensando.. o que virá em Escorpião? (beijos, claro)

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

Minha caríssima e querida astróloga e amiga.
Bem vinda aos comentários!

Quando escorpião chegar...

Acho que virá MAIS PIMENTA e MAIS cerejas.
Espada mais afiada, com muita calma, durante uma e outra degustação.
kkkkkkkkkkkkkkkkk

Não conheço nem um único escorpionino que não seja formiguinha... no sentido de gostar de doces... mas, também não conheço nenhum que adore por (mais) pimentas em TUDO o que faz... até arder, de dor ou de prazer.
Ou... ambos.

Um beijo e um abraço.

Kátia disse...

Bom demais relacionar com as pessoas certas!!! Bons encontros despertam sim sensações potencializantes. Vibrações que vão além das afinidades, que transcendem. Sempre tocam o que a gente não vê. Possibilitam a abertura de novas portas. Fornecem o encorajamento necessário para aquilo que nos 'prende'. Um manjar dos deuses, ou como você diz: "Uma doce suavidade inesperada
e cheia de pimenta com chocolate ou... seriam... cerejas?"

Concordo com você em ser seletivo. Até o próprio Deus é seletivo na escolha de amigos. O salmo quinze mostra que Deus estabelece padrões elevados para aqueles ‘que seriam hóspedes em sua tenda’ - nem todos são bem-vindos. Acho até que a seletividade acaba sendo um ato de Amor, quando se tem bom senso.

Uma delícia as verdadeiras trocas nos bons encontros!!! Mas mantê-lo não é algo automático. Se afastarmos da visão ingênua do romantismo, percebemos o quanto o Amor é quebradiço e o quanto necessita de um cuidado constante. Nesse tipo de encontro as pessoas sentem-se aptas a criticar quanto a elogiar o outro. E, através desta comunicação fluida, aumentam nosso bem-estar enquanto a potência se mantém.

Aguardo ansiosa o seu "mais tarde": a parte 1595624. Hahahahahahahahahahaha!

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