25 dezembro, 2012

Noite de natal com meditação: acesse o lobo




Uma boa prática para essa quente 
noite... de natal
é a de meditar.

O Mestre aniversariante
ensinou a meditar por parábolas, 
pela prece (ao falar com Abba, o PAI), 
pelo silêncio e, eventualmente, pelo retiro solitário.

Nas diferentes tradições Religiosas
há diferentes maneiras de meditar.
Desde a posição (imóvel) de lótus e do giro Sufi...
até as luzes das velas no espelho (Osho)
e a meditação caminhando, do Zen.

Eu proponho sentar-se em silêncio, com os
olhos fechados, ouvindo essa linda música
que tem "só" quase 20 minutos.
É simples e basta deixar a música entrar em você.
Quem sabe você entra na música...
e... 
Experimente.




24 dezembro, 2012

Feliz natal, com raciocínio crítico


Nesse blog é comum as coisas não estarem nos lugares
que deveriam (ou que se espera que estejam).
Muitas vezes são/estão deslocadas... mudam conforme o contexto.
Ficam aqui e ... e também mais além.
Ficam ou param - temporariamente - em mais de um lugar
ou em algum lugar específico.

Nesse natal vai ser assim também.
Ou... seria...
Nesse Natal vai ser assim também?
Você escolhe.
Você decide.

Natal ou natal?

As letras maiúsculas são usadas
nos nomes de épocas históricas e datas oficiais.
Então o correto é: Natal.
Feliz Natal!
(Uma data oficial que prescreve comportamentos oficiais)

Veja um exemplo de como essa oficialidade
nos chega e como ela é produtora de igualdade:

Vídeo do Movimento Familiar Cristão

Sim, o Natal tem esse poder de espalhar
um clima de sonho no ar: as luzes. a decoração,
as cores, as flores, os presentes... e os olhares 
para tudo isso... são mesmo encantados.

"Tempo de amor"? 
(Só no Natal?)
"Todo mundo é igual"?
(Mas não é m-e-s-m-o!)
"Os velhos amigos irão se abraçar"?
(E as amizades que terminaram, estremeceram
e os amigos distantes?)
"Desconhecidos irão se falar"?
Basta sair às ruas cheias de gente correndo e comprando 
para ver que os olhares nem sempre são amistosos: todo mundo é igual?
"E quem for criança vai olhar pro céu"?
Só as crianças? E... os outros, de todas as idades?
"Fazer um pedido pro velho Noel"?
Esse velho safado e tão diferente do original 
e que foi capturado pela mídia 
e pelo imaginário para transformar surpresas 
em desejos de consumo... está no céu?
"Se a gente é capaz de espalhar alegria,
se a gente é capaz de toda essa magia, 
eu tenho certeza que a gente podia
fazer com que fosse Natal todo dia."
Existe alegria e magia em diferentes situações da vida
cotidiana e, mesmo em situações muito difíceis, é possível
sentirmos alguma alegria e alguma magia: uma flor, uma gentileza de alguém 
(ou a nossa para alguém), uma clareza na comunicação; 
quando alguém cumpre com o que combina conosco,
quando ouvimos uma música que gostamos, quando meditamos;
quando o sol bate num cristal que está na janela 
e joga cores para dentro da nossa sala
num abraço gostoso (real ou virtual-real),
quando recebemos palavras e/ou atitudes de reconhecimento,
de respeito, de solidariedade, de compreensão, de carinho;
quando nos mostram que estamos errados e descobrimos 
outros jeitos de fazer ou dizer algo, quando nos deparamos 
com nossos "monstrinhos internos" e os superamos, quando conseguimos
realizar algo que estava difícil... quando nos sobra dinheiro na conta;
também quando aprendemos algo novo, como por exemplo,
quando enviamos uma foto pelo Bluetooth  
(você já viu como é mágico e alegre-engraçado
enviar uma foto para um (outro) aparelho 
que está perto de você..em segundos? 
Também... quando escrevemos o que pensamos 
e/ou o dizemos para alguém de forma a exercitar 
a independência e o livre arbítrio.. etc, etc e etc.

Para esclarecer:
a música do Roupa Nova é bonitinha, tem belas rimas 
e arranjos vocais bem elaborados. 
Então, qual é o problema?
O problema é aceitar tudo o que chega pela mídia
sem exercitar -cotidiana e continuamente -
o raciocínio crítico.
 O Natal que aprisiona os desejos e as liberdades
não é o natal que eu quero e desejo: ter que... 
comprar presentes, ter que visitar pessoas, ter que... sorrir e ser amistoso 
(durante esse período), ter que conviver à mesa e nas festas 
com quem não se gosta
(ou não se deseja naquele momento)...
ter que, ter que, ter de... 
entrar em todas as sintonias e prescritos do Natal (oficial)
este é o (são) o (s) problema (s).
Só!

Um outro exemplo, muito engraçado
(dei gargalhadas no momento em que ele
publica a foto do menino no Facebook)
nos mostra como o Natal 
e o comportamento das pessoas 
está "na era" da
comunicação digital.


Acima eu falei que você escolhe, que você decide.
No entanto, se você está capturado pela mídia e pelos
comportamentos prescritos do Natal Oficial...
talvez você não tenha opção de escolha...
a não ser... fazer o que (todos) esperam de você.

Então o meu desejo nesse Natal,
é que você tenha um
Feliz natal...
esteja você onde estiver,
faça o que fizer, desde que esteja
e desde que faça...
algo que está em sintonia com a sua consciência,
com o seu modo de viver a vida e
com o seu modo de ver-sentir a magia 
e as coisas belas da vida.





16 dezembro, 2012

Natal religioso, social, midiático, ou Feliz natal todos os dias





O primeiro cartão de natal que
recebi nesse ano mostra a 
imagem de uma criança
olhando para cima, com os braços levantados
... segurando um globo terrestre.

"Um olhar para o novo amanhã", diz
a mensagem da capa.

Dentro do cartão, essas belas palavras:

(Introdução omitida)

"... queria e desejo que a força do natal
fosse tão poderosa que removesse dos
corações a fuligem da desesperança, a visão
dos perigos iminentes, a angústia do dia seguinte.

Desejo mais ainda que
reavivemos a fortaleza da nossa Fé;
divulguemos o poder da nossa coragem;
mostremos quão forte é a luz que brilha
em nossos corações, apesar de certas 
descrenças que flutuam no ar...

Merry Christmas every day!!!"

Junto com esse cartão, vieram muitos outros, menores,
tipo etiqueta, dos quais destaco um,
com as seguintes palavras:

Às nossas semelhanças 
e às nossas diferenças!!!
Abração!

..............................................


Escuto, nessa época, no desempenho da minha profissão, 
com muita frequencia... que o Natal é uma data
chata, triste, enfadonha (porque se repete "sempre do mesmo jeito").
É comum as pessoas se lembrarem de quem já não está
mais aqui e sentir...
saudade
abandono, 
culpa
desejo de reparação
(e impossibilidade de fazê-lo),
capacidade de amar diminuída
(ou muito aumentada, causando estranheza),
dificuldades com o perdão, 
revolta,
medos variados (dentre os quais o de sofrer nova perda,
seja pela morte, seja pela vida),
e, só para citar mais um...
desejo intenso de corresponder às expectativas
do outro associado a dúvidas quanto a consegui-lo
(sentimento de incapacidade e inadequação que fica 
ainda mais forte pois vem acompanhado 
de profunda sensação de solidão, já que nas festas de Natal
- aquilo que se repete e é sentido como 
"sempre do mesmo jeito" -
não dá quase margem 
à percepção das diferenças que se operaram
em cada um dos sujeitos ao longo
do último ano (desde o Natal passado).

Sendo o Natal uma data/ festa cristã 
- e, portanto, religiosa -
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona: 
questionamentos sobre a (própria) espiritualidade 
(ou as ausência dela);
indagações sobre a própria capacidade 
de se adequar (ou não) aos
preceitos, regras, ditames, 
ritos de cada uma das práticas
católicas, evangélicas, espíritas... ;
inquietações e dúvidas sobre o que está fazendo da (própria) vida 
e sobre qual o "lugar" que está ocupando no mundo
(de onde viemos, 
o que estamos fazendo, 
para onde vamos, 
o que faremos), etc...
se fazem MAIS presentes.



Sendo o Natal uma data/festa social
- e portanto, de relacionamentos -
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona:
questionamentos, inquietações e dúvidas
sobre como estão os relacionamentos interpessoais, 
amorosos, sociais, institucionais, 
grupais, de vizinhança, de cidadania, de ecologia, de cuidados
com o planeta que habitamos, de cuidados com o outro 
(qualquer outro) e de cuidados para consigo próprio, etc...
se fazem MAIS presentes.

Sendo o Natal uma data/festa comercial e midiática
- e portanto, diretamente vinculada ao dinheiro 
e aos usos que dele fazemos - 
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona:
compra e venda,
situação financeira,
papai noel  e os presentes que vêm dele (ou não), 
necessidade de retribuição com (quase sempre) desajuste
no equilíbrio entre dar e receber.
captura e aprisionamento pela mídia,
incremento do/no desejo de imagem
(qualquer imagem que se pode chamar de "parecer ser"),
questionamentos, inquietações e dúvidas sobre
quanto, como e porque se está sendo o "desejo do outro" 
(qualquer outro, mídia incluída)...
ou se... se está caminhando para ser o autor 
do próprio desejo, 
da própria vida, 
fazendo escolhas
permeadas
(onde o outro está INCLUÍDO)
- que se dão através e entre -  o eu e o outro.

Sendo o Natal uma data/festa instituída
que se caracteriza pelos temas acima citados, 
o meu desejo 
para quem 
estiver lendo 
essa postagem
é que faça seu próprio natal
(em minúsculo mesmo)
acionando as forças desejantes e inventivas,
criativas de bem estar próprio,
sem a dependência do outro
(mas com a participação dele, se assim desejar) 
e com grande esforço para não cair nas ciladas
enferrujadoras e enferrujantes das
próprias capacidades de decisão 
e de fazer da própria vida uma obra de arte.
Construir o próprio natal, sentindo-se bem
na companhia (ou não) de
quem se realmente quer (estar junto),
sentindo-se à vontade com o próprio corpo 
(e com alma, se se acredita nela. Eu acredito)
com o ambiente e em sintonia com a vontade pessoal.
A isso eu chamaria de um feliz natal.
Um natal feliz.

É possível., mesmo!

Também somo a esse desejo, o de que
- em todos os dias, ou, pelo menos... com uma frequencia 
muito maior do que a habitual -
você
- que está lendo essa postagem -
questione, se inquiete e busque
respostas para os temas que o Natal suscita,
acessando as "coisas da vida" e dando a elas o seu tempo
(para que não fiquem "MAIS " presentes no Natal 
afinal , a espiritualidade, os relacionamentos e a mídia
estão presentes no nosso dia-a-dia) 
e para que fiquem com seu "status" de "vida das coisas".

Fazendo isso, diariamente... certamente o seu próximo
natal será melhor,  mais livre e feliz.


Adicionar legenda


Assim, 
faço minhas 
as palavras 
da pessoa 
que enviou-me o cartão citado acima:

Merry Christmas every day!!!

E que a luz brilhe no seu coração e na sua mente,
com as bençãos do Mestre aniversariante.

E tenha...  
Um novo olhar para o amanhã!

Abração!


Nome da Imagem: arcs of creation


30 novembro, 2012

Morrer de Vida e Viver de Morte... com poesia e música






Não quero a complacência da desordem. 
E se sou líquida 
como é líquida o informe,
antes sou gotas de mercúrio do termômetro quebrado, 
líquido metal que se faz círculo cheio de si 
e igual a si mesmo no centro e na superfície,
prata que tomba e não derrama, 
liquidez sem umidade.


- Clarice Lispector -




Da vez primeira que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha…
Depois, de cada vez que me mataram.
Foram levando qualquer coisa minha…


E hoje, dos meus cadáveres, eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!


Vinde, corvos, chacais, ladrões de estrada!

Ah! desta mão, avaramente adunca,
ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!


Aves da Noite! Asas de Horror! Voejai!

Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!


- Mario Quintana -





A poesia não está no papel,
Está na vida
Vista e sentida
Por olhos sensíveis
E corpos que se permitem ir além.
Por almas que ousam,
Interiores que gritam.
Ser poeta um dia é fácil,
Difícil é sê-lo sempre.
Fácil é amar,
Difícil é libertar a quem se ama...
Libertar as palavras que inflamam...
Mas mais difícil não é libertar
Nem amar, criar, ousar.
Difícil é ser.
Um ser contido no mundo
E conter o mundo dentro de si.


- Carolina Salcides -








”Viver de morte, morrer de vida.”
(Heráclito de Éfeso)

“Viver de morte, morrer de  vida.” Sim, é enigmático.
Podemos pensar que essa frase tem um primeiro sentido que seria este: para viver deve-se comer, logo, deve-se matar as plantas e os animais, logo, vive-se de morte. E finalmente, de tanto viver, desgastamo-nos e morre-se de viver.Mas é um sentido superficial.E creio que é hoje, vários  séculos depois. que compreendemos a profundidade dessa frase. Por  quê? Porque sabemos hoje que nossos organismos, o seu como o meu, vivem de moléculas que se degradam sem parar. Logo, nossas células reconstituem as moléculas que morrem. Mas nossas próprias células  se degradam. Só nossas células cerebrais e algumas hepáticas permanecem as mesmas . As células de nosso corpo se transformam sem parar, morrem e renascem. O fato de podermos reconstituir nossas células faz com que possamos rejuvenescer. Efetivamente nossas células vivem da morte das moléculas, nossos organismos vivem da morte de nossas células. E diria mesmo que a sociedade vive da morte de seus indivíduos. Pois indivíduos novos aparecem, e eles recebem cultura e educação, e rejuvenesce a sociedade.Logo, vivemos de morte. E morremos de vida. Não no sentido em que nos desgastamos como um motor de carro, mas no sentido em que nos esgotamos a rejuvenescer. Cada batida de nosso coração envia o sangue para se “desintoxicar” em nossos pulmões e limpar todas as nossas células. Pode-se, portanto, dizer que você rejuvenesce sessenta vezes por minuto. Passamos nosso tempo a rejuvenescer. E finalmente, e é aqui  que está a beleza da frase de Heráclito, rejuvenescer acaba por ser mortal. E morre-se de tanto rejuvenescer.
(Edgar Morin)

............................................................

Morremos a cada momento.
Vivemos a cada momento...
E renascemos.
Rejuvenescemos!

Tenhamos,
na nossa vida
(e nas nossas pequenas mortes),
a música.

Com ela
tudo fica melhor
e mais bonito!




25 novembro, 2012

Alice Ruiz e Rita Apoema sobre a saudade e a falta




a noite
mais longa
dessa vida

no céu
o cometa passa
na terra
meu pensar
te abraça


você
irmão
filho
amigo

não está
mas fica
enfim
comigo

- Alice Ruiz -


Minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vinda
só é possível
noutra vida

Aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

Ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

Aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim

- Alice Ruiz -


Quando você vai embora de nós
o pronome parte-se ao meio
você diz que só leva o s
e o que adianta?
se comigo sobra o nó
na garganta.

- Rita Apoena -


21 setembro, 2012

A primavera e o espírito de aprendiz




"Há florações eternas..."

Cecília Meireles


"Minhas mesmas emoções
São coisas que me acontecem."

Fernando Pessoa 


"Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar..."

Ana Luísa Amaral
A Psicologia, como profissão regulamentada, 
é comemorada no inverno, 
mas é nesse interstício
 que está a acontecer com a primavera, 
que chega, que transcrevo 
essa linda homenagem-feita-de-votos... 
da amiga Witch,  uma cria-tura muito presente, aqui, lá e acolá:


Abraço grandão por esse dia 
em que se comemora 
uma das mais belas  profissões: a sua!

Desejo a continuidade de coisas boas e, 
cada vez mais, você traga mais vidas
à luz, fazendo com que essas vidas 
desistam em reter as próprias belezas.
E, tchan tchan tchan, outra vez, a 
estonteante Clarice:

"Como em tudo, no escrever também tenho uma 
espécie de receio de ir longe
demais. Que será isso? Por que? Retenho-me 
como se retivesse as rédeas de um
cavalo que poderia galopar e me levar Deus 
sabe onde. Eu me guardo. Por que
e para quê? para o que estou eu me 
poupando? Eu já tive clara consciência
disso quando uma vez escrevi: "é preciso 
não ter medo de criar". Por que o
medo? Medo de conhecer os limites de minha 
capacidade? ou medo do aprendiz
de feiticeiro que não sabia como parar?"


Que a primavera nos sorria e faça
renascer o dom (apreendido) de conhecer 
os limites da capacidade 
e o despertar, sempre novo,
do espirito de aprendiz...
É nessa dialógica que as coisas acontecem!

Linda primavera para todos e cada um.





14 agosto, 2012

Vitória e derrota: um paradoxo com e sem medalha


Assistir aos jogos olímpicos pode ser uma grande oportunidade de aprendizagem, especialmente se trazermos para o cotidiano e para a realidade de nós simples mortais o que os atletas e os medalhistas  fizeram por lá.
Destaco duas cenas que me marcaram muito.

Cena 1: Epke Zonderland, o Holandês que ganhou a medalha de ouro na barra fixa, brilhantemente.

Aqui a final com os 8 classificados:
(É preciso seguir o link e assistir no YouTube porque o vídeo é do Comitê Olímpico Internacional
e possue direitos autorais...)
Vale à pena assistir; tem 32 minutos e é exuberante. De ótima qualidade.

http://www.youtube.com/watch?v=I0TM2sOnvyI

Aqui o desempenho dele:




Cena 2

A sul-coreana Lam Shin foi prejudicada pelo cronômetro, que teria parado ou tido uma pane e recusou-se a sair da área de combate. Ela fez um protesto silencioso e choroso pela injustiça, no melhor estilo Ghandi. Segundo uma tradição desse esporte, abandonar a área de combate é admitir e reconhecer a derrota.
Como ela poderia admitir reconhecer a derrota para a tecnologia?
Perder para um relógio?






Cenas 3. 4. 5 e adiante.... :  As nossas (possíveis) aprendizagens

Um lindo paradoxo está colocado nessas duas cenas e que nos remete a pensar nas nossas vitórias e derrotas.
Antes de Epke conseguir essa performance nas barras, ele treinou anos - anos - e caiu - caiu  - e errou incontáveis vezes...e nós nos incomodamos e nos irritamos quando uma coisinha não dá certo na primeira tentativa! Que espanto!
Para chegar a perfeição...precisamos de muitas - muitas  -coisas.

Quantas derrotas ele teve? Quantas para o aparelho? E os tombos? E o desânimo que pode ter se apoderado dele nesses momentos?
Quantas vezes ele buscou forças, coragem, disciplina e seguiu adiante? Quantas?
Acho que nem ele próprio sabe.

E a Lam Shin?
Como estaria o estado psicológico dela naquele momento? Teria surtado? Teria "feito" uma crise depressiva?
Não importa: isso é secundário.
O que importa é a recusa em aceitar uma derrota desse tipo.
E protestar.
A capacidade de indignar-se com o que consideramos injusto e demonstrar esse sentimento é condição de existência e até mesmo de saúde.
Quantas vezes nos submetemos às injustiças e aos mal-tratos e nem sequer choramos (duros de orgulho, de falsa sensação de poder, de invulnerabilidade)? Engolimos em seco e fazemos de conta que não é conosco.
Atrasam as consultas, desrespeitam o trânsito, ligam-nos no final de semana para vender produtos... e...
e?
E querem nos fazer crer que a tecnologia tem SEMPRE razão.
Vínculos são prejudicados e grandes problemas ocorrem em decorrência de uma mensagem de texto não recebida dum celular (mas que o visor do aparelho do emitente garante ter sido enviada). Mas que o receptor não recebeu?
E os pagamentos que efetuamos e que não "constam no sistema"?
E as contas indevidas que nos são enviadas - e até cobradas - sem terem sido, jamais, os produtos a elas ligados, solicitadas?

Essa sul-coreana nos faz pensar sobre o que é derrota.
O que é derrota?
Terá sido ela derrotada? Pela máquina que supostamente falhou?
Ou terá sido ela derrotada pela complexidade que envolveu a cena? Complexidade que incluiu a tecnologia e os usos que se faz dela, os juízes, o tempo, a necessidade de definição "de quem afinal ganhou a luta" e seguir com as provas que estavam programadas...
Que derrota é essa, se ela se saiu tão vitoriosa na sua dignidade e na sua manifestação, a ponto de contagiar milhões de pessoas que ficaram solidárias a ela?
Oh sim: ela perdeu a medalha. E perdeu para a tecnologia.
Mas ganhou - e muito - em todos os outros sentidos.
Uma derrota que é uma derrota.
Uma derrota que é uma vitória (ou várias)!

E, voltando ao Epke:
Uma vitória que é uma vitória.
E... uma vitória que foi feita de muitas derrotas anteriores.

Um lindo paradoxo.

Meus parabéns para eles e meu muito obrigado por me fazerem  (re)lembrar disso.


Eles são feras.
Cada um do seu jeito.


24 julho, 2012

Luz no fim do túnel. É?



Fui numa igreja, vazia, fazer uma prece.
Gosto do silêncio que se cria na ausência das
missas e das rezas das católicas de plantão.
Católicas porque são quase todas mulheres.
Fui na lojinha comprar uma vela pequena.
A mulher me ofereceu uma de "7 dias".
Disse que com-uma-dessas eu ficaria
em paz e tranquilo por sete dias.
Não comentei e olhei para ela com 
"cara de samambaia"
pensando no mercado da fé e
da prática espiritual.
Acho que o meu silêncio a incomodou, 
pois por três vezes,
e sem que eu fizesse cometário algum,
ela me disse:
- É bom rezar e buscar uma luz no fim do túnel, né?
Como continuei em silêncio e sem esboçar qualquer sinal 
de concordância ou discordância, 
ela insistiu e repetiu o né ao final da frase:
Né?
Eu disse, querendo sair daquela prisão:
- No meu caso, é luz no meio do túnel, 
porque no fim do túnel sempre tem luz.
E fiz nova pausa.
Ela me olhou como se eu tivesse vindo de outra galáxia
- e decididamente não fez cara de samambaia - 
e uma pequena sombra interrogativa passou pelo seu olhar.
Foi quando completei:
- Em algum lugar, o túnel termina e daí tem luz natural.
Mas no meio do túnel pode estar escuro, 
dependendo de onde a gente está.
Um lampejo de percepção se fez em seus olhos, mas então, 
para meu espanto, ela concluiu:
- É bom uma luz no fim do túnel.

Para não falar em moral da história, mas para dizer que é (MUITO) comum 
encontrarmos pessoas que simplesmente não pensam e não raciocinam
sobre o que lhes é dito e que continuam com a ideia fixa no
que já estavam pensando, sem realmente ouvir o que
lhes está sendo dito. 

Só ouvem o que está
se lhes passando pela cabeça::
um exemplo de "diálogo surdo" 
ou de um monólogo acompanhado.

Sabe quando a pessoa quer te dar uma força,
mostrar que "te entende"...
sem você ter dado qualquer indício
do que está querendo ou precisando?
Então ela "enfia" na sua frente alguma frase pronta,
generalista e/ou de efeito, que mais te
aprisiona do que te convida a falar?

Pois é!
Não que eu quisesse falar alguma coisa com ela...

Na real, 
eu não estava sintonizado com luz 
nem no início, nem no meio e nem no fim do túnel.
Mas ela me criou "esse problema".
Só rindo mesmo... é patético.

Também se vai na Igreja, vazia, para meditar,
fazer uma pausa, agradecer... orar por
quem se quer ou para si próprio...




20 julho, 2012

O amigo e as atitudes amigáveis




Fish: Change of heart

A identidade de amigo
é posta e reposta nos comportamentos e atitudes que vão sendo tomados pelos
atores sociais e afetivos dessa trama.
Tecido cuidadosamente tecido, vai sendo alinhavado e costurado com ações, afetos,
afinidades, respeitos. Intimidades: platôs de intensidade que são heterogêneos na sua convergência para o centro nuclear do vínculo.

Tem aqueles que são amigos (identidade configurada pela continuidade temporal e espacial).
Tem aqueles que estão amigos (característica configurada por variações - ao infinito - na "duração" têmporo-espacial).

Que diferença há entre uma e outra atitudes?
Nenhuma, a rigor, pois amigos (que têm a identidade de amigo) fazem e dizem coisas que não são DO amigo, mas da humanidade deles.
E tem pessoas que não tem a identidade de amigo, que fazem e dizem coisas que são de amigo (e, assim, não DO amigo).

Eu gosto de ambas, dos que são e dos que
estão amigos.
Atitudes e ações amigáveis não identitárias são fundamentais e até imprescindíveis para a mudança no e do mundo em que vivemos.

Amizade não tem idade.
Se dá no aqui-agora da intensidade.
É uma fatia da eternidade.


Enigma: Back to the rivers of believe


Therion: The siren of the woods


A todos que me consideram seu amigo
e a todos que eu considero meus amigos
o meu abração, neste e em todos os dias.
(Isto inclui os que tem identidade de amigo e 
os que não a tem, mas que estiveram amigos com suas
atitudes e ações numa duração de eternidade, 
... em todos os tempos).



13 julho, 2012

O rock e (é) a diferença




O que se produz de novo nada é nos objetos, mas no espírito que os contempla, é
uma ‘fusão’, uma ‘interpenetração’, uma ‘organização’, uma conservação do
precedente que não desaparece quando o outro aparece, enfim, uma contração que se
faz no espírito.” (DELEUZE, 1999, p. 115).

Minha homenagem ao rock no seu dia mundial
vai com a banda Therion: 











"Touring with Therion was different, 8-10 people on stage + 4-5 in the crew. Having our own bus is a good thing and having females around also kills some of the macho vibes."
(Mats Leven, vocalista da banda de 2004 a 2007)











20 junho, 2012

Florbela e Cesar Espanca sobre as belas coisas que gostam




Gosto das belas coisas claras e simples, 
das grandes ternuras perfeitas, 
das doces compreensões silenciosas, 
gosto de tudo, enfim, onde encontro um pouco 
de beleza e de verdade. 
Por-que há ainda no mundo, graças a Deus, 
almas-astros onde eu
gosto de me refletir, almas de sinceridade 
e de pureza sobre
as quais adoro debruçar a minha.

Florbela Espanca

....................................................................

Gosto das belas coisas claras e simples 
e das complexas,  obscuras 
- que pedem investigação -,  densas; intensas;
das grandes ternuras e acolhimentos amorosos 
que  se dão depois de muitas conversas, 
que facilitam a compreensão 
ou dos breves silêncios, que os definem;
gosto de quase tudo que advém do encontro 
entre as almas afins ou que sabem discordar 
com argumentação e raciocício crítico...
Enfim, gosto do que me faz sentir eu mesmo
 e do que me faz outrar - transformar-me num  outro, 
simultaneamente igual e diferente de mim.
Por-que há ainda no mundo, 
graças a Deus, almas-astros 
onde eu gosto de me refletir, 
almas de sinceridade atrevida, 
de pureza não ingênua 
e de inteligência indagativa 
sobre as quais adoro debruçar a minha... 
e ver o quanto são iguais e diferentes da minha.

Cesar (Ricardo Koefender) Espanca