13 junho, 2012

Florbela Espanca sobre ingratidão e maldade





Eu não sou como muita gente: 
entusiasmada até à loucura 
no princípio das afeições e depois, 
passado um mês, 
completamente desinteressada delas.

Eu sou ao contrário: o tempo passa 
e a afeição 
vai crescendo, morrendo
apenas quando a ingratidão 
e a maldade a fizerem morrer.

- Florbela Espanca -



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Acreditar que podemos passar
a vida toda
sem sofrer a ingratidão, 
até mesmo dos mais
próximos 
e queridos por nós, é uma ilusão, 
como ensina Hammed.

Eu sinto que a ingratidão pode
não matar a afeição, mas, tal como
deixa claro Florbela, no seu uso do 
gerúndio do verbo amar,
vai matando-a. 
Por vezes, até as mais belas relações 
assim se esvaziam... 
até não sobrar
nada...
quando a ingratidão se repete...
demasiado.

Ainda acho que a melhor maneira
de lidar com isso, é não criar
expectativas...
ainda que nos sintamos
no desejo dela
e as mereçamos,
a gratidão.

Importante também...
 é darmos,
a nós mesmos,
a gratidão que queremos do outro

E a maldade?

Está certo que não precisamos
"ser amigos do inimigo"
e com ele tecer relações
afetivas, mas
precaver-se e afastar a maldade
- se afastar da maldade, do outro
e da nossa própria - é condição
de bem estar e saúde.

Ou... será que algum hipotético leitor desse
breve comentário, acredita 
não haver maldade dentro de si?

LIMITES: é disso que
a maldade precisa...
ausência de território para proliferar.

Perdão?
O perdão, me parece, não tem
poder sobre a maldade... repetida.






Um comentário:

Kátia disse...

A ‘Correspondência’ de Florbela fala por tantos de nós...
Esse trecho, eu adoro. Indosso e assino embaixo.

A ingratidão é um dos maiores fatores da falta de amor, da falta
e um bom relacionamento entre as pessoas, e é também responsável
pelo surgimento de outros sentimentos desagradáveis e menores,
como: ódio, rancor, vingança, a maldade, etc