13 dezembro, 2014

Troféu Bolsonaro 2014, por Juremir Machado da Silva


Troféu Bolsonaro 2014

Postado por Juremir Machado da Silva em 13 de dezembro de 2014 no Correio do Povo


Todo ano, com extremo rigor e muito trabalho, a Academia Palomense atribui o Troféu Bolsonaro aos piores dos últimos dozes meses. Trata-se de um prêmio sério e muito visado. A comissão julgadora é obrigada a justificar a escolha. Tem prêmio por aí que escolhe o melhor do ano disso ou daquilo sem apresentar qualquer razão. Fica assim: por que fulano é o melhor do ano? Porque sim. A Academia Palomense é mais exigente. Só se interessa pelos piores. Nunca lhe falta o que julgar.

O Troféu Bolsonaro 2014 vai para Jair Bolsonaro. O regulamento não impede que a desonraria seja concedida a quem já lhe empresta o nome desde que ao menos dez critérios sejam atendidos. O deputado do Partido Progressista do Rio de Janeiro mais uma vez foi imbatível em grosseria, reacionarismo, estupidez, homofobia, machismo, racismo, defesa de torturadores, justificação da ditadura, quebra de decoro, incitação à violência, falta de educação e lacerdismo tardio. A Academia Palomense, contudo, só se decide quando o indicado pode ser condecorado em função de uma realização concreta. Atitudes genéricas não bastam. Jair Bolsonaro ganhou o troféu Bolsonaro de pior de 2014 por sua ofensa à deputada Maria do Rosário: “Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”. O que dizer? Simplesmente que Bolsonaro é pusilânime.

O segundo Troféu Bolsonaro de 2014 vai para os eleitores do Rio de Janeiro que consagraram Jair Bolsonaro como o mais votado do Estado para a Câmara de Deputados. A comissão de notáveis palomenses justificou a sua unanimidade: “Só um eleitorado muito reacionário e alheio aos valores civilizatórios e democráticos é capaz de dar tantos votos a um homem que sintetiza os preconceitos mais repugnantes disseminados na cultura brasileira. Não se poderia ignorar tamanha disposição para a infâmia”.

O terceiro Troféu Bolsonaro 2014 vai, por antecipação, para a Câmara dos Deputados, que, obviamente, na cassará Jair Bolsonaro por quebra de decoro e por incitação à violência contra as mulheres. O machismo vencerá. É aliado da covardia.
Atenta a tudo o que acontece no Brasil, a Academia Palomense não se deixa enganar por indivíduos que repetem suas estratégias só para tentar ganhar o Troféu Bolsonaro novamente. Nesse sentido, não premiará outra vez Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Marco Antônio Villa, Rodrigo Constantino e Arnaldo Jabor. Em contrapartida, sente-se obrigada a coroar, mais uma vez, a revista Veja pela capa “Eles sabiam de tudo” destinada a tentar influenciar o resultado da eleição presidencial. Dificilmente a mídia brasileira fará pior em termos de manipulação e ausência de provas. Outro ganhador do Troféu Bolsonaro 2014 é o militante de direita Lobão. Leva o prêmio pela sua atuação nas manifestações contra a democracia. A direção da Petrobrás também ganha o Troféu Bolsonaro pela situação em que se encontra a empresa. A Comissão Palomense faz um questionamento: quando Bolsonaro sairá do armário? Lobão já saiu. Assumiu-se plenamente como reacionário. Bolsonaro é o que o Brasil tem de pior.